terça-feira, 10 de agosto de 2010





Patriotismo futebolístico & eleitoral


Quais são as diferenças e do que o Brasil precisa mais

Por Orlando Pavani Junior

Uma vez me perguntaram qual seria o valor e o princípio mais desejado quando profissionais especialistas na área de gestão da qualidade dedicam-se, de forma voluntária, a atuação em alguma função nos prêmios de excelência em gestão (PNQ, PQGF ou derivações). Sempre respondi que seria o PATRIOTISMO, sem pestanejar! Claro que são importantes outros valores, mas creio que sem o PATROTISMO tudo cairia num vazio grande demais e tornaria o trabalho de avaliar as práticas de gestão das organizações públicas e privadas um esforço eminentemente capitalista sem o caráter de cidadania que ele carrega em prol de uma sociedade inteira que precisa se beneficiar desta pseudo excelência organizacional.

PATRIOTISMO é fundamental, que me desculpem os antipatriotas (parafraseando Vinicius de Moraes)!

Lembro-me, num passado recente, de alguns jornalistas esportivos criticando a então proposta de tocar o Hino Nacional antes dos jogos do Brasileirão, alegando ser piegas demais e até ridículo. Hoje isto acontece de forma sistemática e creio que a prática trouxe uma aura patriótica que não existia antes.

Eu, particularmente sou PATRIOTA de carteirinha. Nossa empresa tem como uma de suas Regras de Conduta a DEMONSTRAÇÃO DE CONDUTA PATRIÓTICA E APARTIDÁRIA (http://www.gaussconsulting.com.br/si/site/0102) como forma refinada de comportamento diante de nossos clientes.

Se PATROTISMO é fundamental, creio que existam diferenças quanto ao nível de relevância se compararmos o patriotismo manifestado pela sociedade brasileira em relação à seleção brasileira na Copa do Mundo, por exemplo, e em relação as eleições!

Qual destes patriotismos é mais importante?!

Patriotismo futebolístico nos afaga o ego (quando vencemos) ou nos destrói as vísceras (quando somos derrotados), à medida que traz a tona a sensação de termos a oportunidade de mostrar ao mundo o quanto somos brilhantes ou medíocres em relação a um de nossos maiores prazeres e habilidades natos: o futebol. Trata-se de uma sensação incontrolável de torcer pelo que representa nosso povo, que parece não desistir nunca mesmo, independentemente de todos os problemas mal resolvidos que tenhamos aqui. Isto é um patriotismo sensorial e apaixonado, que nós brasileiros temos de sobra.

Já o patriotismo eleitoral configuraria a mesma oportunidade para exercitar sensação assemelhada, no entanto, por motivos estranhos e que me escapam completamente, percebo que não se trata da mesma coisa! Tratamos esta circunstância com alienação e descomprometimento, para não dizer com certa irresponsabilidade. Embora cada vez mais as pessoas considerem o ato de votar um exemplo de cidadania, é ainda comum constatar pessoas fazendo escolhas de seus candidatos cujos critérios são, no mínimo, questionáveis e tão comum quanto é assistir pessoas configurando-se como eventuais candidatos a cargos eletivos sem qualquer preparo, seja acadêmico ou até mesmo de autoestudo para o exercício das atividades conexas a sua elegibilidade.

Tanto o eleitor quanto o próprio candidato acabam pensando muito mais em si mesmos, na causa própria, do que no bem comum. A própria representatividade do eleito está em jogo. O recente site “Vote na Web” (www.votenaweb.com.br) demonstra que a opinião popular (colhida por meio de opiniões dos internautas a projetos de lei reais) que deveriam ser expressas formalmente por meio de seu eleito são significativamente diferentes. Um exemplo real, publicado na revista Época (19/07/2010 – página 72), é do Senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) que propôs um projeto de lei que obrigava estudantes de instituições públicas de ensino superior com renda superior a 30 salários mínimos a pagar uma taxa anual para a universidade. Pela escolha popular, colhido no respectivo site, a aprovação seria de 67%, mas o Congresso reprovou o mesmo por unanimidade.

Não sei, mas gostaria do mesmo patriotismo observado no futebol também na zona eleitoral. Parece que temos a vocação de sermos exemplares no que é irrelevante, mas capengas no que poderia fazer a diferença na vida das pessoas.

Diante de eleições de 2010 para Presidente da República (uma escolha), Senador (duas escolhas), Deputado Federal (uma escolha), Deputado Estadual (uma escolha) e Governador (uma escolha), o senso de patriotismo precisaria invadir a população brasileira da mesma forma que invade um jogo da seleção de futebol! Uma escolha manifestada pelo voto consciente pode até dar errado ou ainda ser alvo de arrependimento futuro, acho que este risco sempre existirá, mas se o fizermos com o patriotismo esperado, talvez não nos iludamos com promessas vazias e populistas.

Chegará o dia em que tanto os eleitos como os eleitores serão tão patriotas que será possível:
• O eleito designar como membro de seu governo aqueles que não apenas fizeram alianças questionáveis e utilitaristas nas campanhas eleitorais (ou seria melhor dizer eleitoreiras), mas aqueles que realmente demonstrarem habilidade diferenciada e ideias ousadas numa certa área do conhecimento, mesmo que concorrentes aos mesmos cargos. Exemplo: José Serra eleito Presidente da República, mas designando como Ministro do Trabalho o Lula, ou ainda Dilma Rousseff eleita Presidente da República e designando como Ministro da Fazenda José Serra;
• O eleitor terá orgulho em dizer que este ou aquele representante realmente expressou sua opinião nos momentos de votação.

Pode ser mera utopia, mas o PATRIOTISMO poderia fazer o CONSENSO vencer a DEMOCRACIA!

Pense nisto?!
Tirá-lo da zona de conforto e fazê-lo refletir e agir é minha principal função.
Você sempre é o único culpado por tudo de bom e de ruim que acontece em sua vida! Se você acha que pode....tem razão, mas se acha que não pode...infelizmente também tem razão!

*Orlando Pavani Junior é CEO da Gauss Consulting, empresa especializada em consultoria instrumental e assessoria especializada e Associada ao IBCO (Instituto Brasileiro dos Consultores de Organizações).

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